Ártico

terça-feira, 13 de março de 2012

SE VOCÊ NÃO AGUENTA MAIS ENGARRAFAMENTOS, LEIA

COMPARTILHO AQUI POST QUE ACHEI INTERESSANTE, A PEDIDO DO PRÓPRIO AUTOR, Celso Franco, ex-Diretor de Trânsito do antigo estado da Guanabara e presidente da CET-Rio.


Todos os que administram o trânsito no Brasil, com raras exceções, estão, confortavelmente, entrincheirados na desculpa de que somente o transporte de massa poderá solucionar a falta de mobilidade urbana. Até lá, vão tentando solucionar pontos de sistemáticos engarrafamentos e tentando dar mobilidade ao transporte por ônibus, apelidados, quando em pistas exclusivas, de BRS. Como mesmo este tipo de transporte coletivo não dá ao usuário do carro de passeio o mesmo conforto, ele não deixa de utilizá-lo no trajeto trabalho-casa.



E, o que é pior, o faz sozinho, ocupando o espaço viário que a mobilidade urbana reclama. Esses usuários constituem-se no que eu chamei, comparando a circulação viária com a sanguínea, de “colesterol ruim” — é preciso eliminá-lo, com o transporte de massa confortável, ou substituí-lo pelo “colesterol bom”.


E o que é o colesterol bom? É o transporte solidário, entre donos de carro, que se conheçam, o car pool, a fim de se livrarem da “Taxa de Congestionamento”, ao custo de R$ 100/dia, criada para punir o “colesterol ruim”, e obrigá-lo a se transformar em “colesterol bom”, mediante o aluguel de um chip identificador de custo mensal de apenas R$ 40 (R$ 2/dia útil). 


Não satisfeitos com esta medida restritiva, criamos um prêmio em dinheiro, em sorteio semanal, com valor proporcional ao número de componentes de cada car pool, a fim de premiar os “homens de boa  vontade” que cooperam com a paz no trânsito. Esta mudança de hábito, que é sempre difícil, válida apenas para o período do pique matutino, é capaz de eliminar de 50 a 80% da quantidade circulante de carros de passeio. A taxa de congestionamento, como a de juros, para controlar a inflação, sobe com a piora da mobilidade e desce com a sua melhora, a critério do administrador.


É isto, de maneira resumida, o que eu chamei de sistema URV (Utilização Racional da Via) ou o “pedágio inteligente” e que ninguém aceita nem comenta. Já o enviei a várias autoridades, a técnicos que escrevem artigos sobre o tema da mobilidade urbana, ao Ministério das Cidades, até à Fetranspor, e até agora nem reposta, com exceção do Ministério dos Transportes, que me participou haver encaminhado para um setor que estuda o assunto.


A renda do sistema gerada pela contribuição dos componentes do “colesterol bom” é de R$ 4 milhões/mês, para cada 100 mil veículos. Ou seja, para uma frota, como a do Rio, de 3 milhões de veículos,  a arrecadação mensal poderia chegar a  R$ 120 milhões. Esta verba poderia ser utilizada, como ocorre no Primeiro Mundo, para subsidiar o transporte público, acabando com o ônus do usuário de ter que pagar a sua passagem, a um preço que é reajustado periodicamente. 


Vejo na mídia as constantes manifestações dos usuários, em todo o Brasil, contra os aumentos de passagem do transporte público que, pesam, no mínimo, cerca de 25% do  orçamento mensal do trabalhador.


Eu só queria entender o porquê do silêncio. Não acredito que seja por não entendê-lo ou por ciúmes profissionais. Só pode ser por covardia política do desgaste de criar uma taxa extra, sem se lembrarem que o periódico aumento de passagens é muito mais desgastante do que a “taxa de congestionamento”, principalmente se considerado o seu alcance social. Estão penalizando a maioria, por medo de onerar a minoria.


Para corroborar com o que tentei aqui explicar, permitam-me registrar um aconselhamento, de um grande político do velho PSD mineiro, embaixador Negrão de Lima, quando nos ensinava: “A opinião pública se forma na Zona Sul, mas a eleição se ganha com os votos da Zona Norte”.

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