Ártico

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

[SOCIAL] O Detran e o Dilema do Prisioneiro

Anda todo mundo puto por ter que fazer prova ao renovar a carteira de motorista, que agora vence a cada 5 anos. Pensamos: “Eles só fazem a gente perder tempo, para ganhar dinheiro com a burocracia. Será possível que dirigindo há tantos anos eu não conheço as regras de trânsito?!?”. E assim fui eu estudar a cartilha e fazer os testes simulados antes da data da prova. Tive várias surpresas !

Você por acaso sabia que não se deve tirar o cinto de segurança nem o capacete de um acidentado, a não ser que haja problema para respirar, senão pode agravar a condição da vítima? Que a preferência num cruzamento é sempre do motorista que vem pela direita? Que existe diferença entre estrada (de terra) e rodovia (de asfalto) e os respectivos limites de velocidade implícitos são 60 e 110 km/h? Conhece a ordem imprescindível de prestação dos primeiros-socorros?

90% dos acidentes ocorrem por falha humana, e não mecânica, o que poderia cair pela metade se praticássemos a Direção Defensiva. O objetivo do Código Brasileiro de Trânsito não é punir, mas educar, e a boa convivência entre motoristas, guardas e pedestres é considerada um ato de cidadania. Faz sentido, então, botar todo mundo de volta no banco escolar com a cartilha na mão para, humildemente, preencher suas lacunas na educação do trânsito, palco de mortes, violências e egotrips.

A gente tem mania de achar que “o Brasil são os outros” – transferimos nossa responsabilidade e reclamamos da violência, dos políticos, da sujeira, da corrupção, da inflação, do desastre ambiental – ao invés de primeiro termos a postura correta ao votar, ao jogar lixo na rua, ao desperdiçar, ao sermos consumistas, ao não lutarmos pela educação fundamental, ao não aderirmos a boicotes justos, ao fazermos vista grossa à pobreza e ao preconceito... Já dizia o Prêmio Nobel John Nash, pai da Teoria dos Jogos que deu origem ao Dilema do Prisioneiro (veja gráfico abaixo) ou para os sociólogos o Dilema Social: está matematicamente provado que tendemos sempre a maximizar utilidade individual (primeiro eu) do que pensar no coletivo (ser solidário), pois não temos certeza do comportamento dos outros e temos medo de sermos trouxas e fazer o sacrifício enquanto os outros ficam na moleza. Porém, se todo mundo pensar assim... o coletivo sempre sairá perdendo, nós inclusos !

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