O IBGEN - Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios, lançou com um talk-show o novo MBA em Sustentabilidade Empresarial que inicia ainda em 2009, chancelado pela ABRH e FIRJAN. (mais infos sobre o programa e corpo docente em www.ibgen.com.br , aba IBGEN/RJ). O curso se diferencia por não abordar o tema sob ótica ideológica ou acadêmica, mas totalmente pragmática. Para tanto, 100% dos professores serão executivos vindos de empresas como Vale, Latasa, Natura, Boticário, ONGs, Petrobras, Aracruz, EcoSecurities, entre outras, muitos deles referências no mercado em suas áreas.
O encontro foi mediado por Patricia de Sá e teve como palestrantes Orlando Lima (Presidente da Janus e ex-Diretor de Sustentabilidade e Governança Corporativa da Vale), Claudia Jeunon (Assessora de Resp. Social da Firjan) e Rosana de Rosa (Gerente de Desenvolvimento da Bradesco Seguros e Diretora da Academia da ABRH). Veja um resumo do talk-show sobre "A importância e os desafios da implementação da sustentabilidade nas empresas":
1) O que é Sustentabilidade? Provavelmente os executivos de uma empresa apresentarão as versões mais variadas. Orlando Lima viveu essa situação ao percorrer as operações da VALE mundo afora para publicar o primeiro Relatório GRI em 2008. Como foi sua experiência?
ORLANDO – Realmente as visões sobre sustentabilidade eram muito diferentes. No Canadá e na Nova Zelândia, era sinônimo de meio-ambiente, pois os problemas sociais restringiam-se às relações com comunidades aborígenes e eventuais violações de direitos humanos; na China o foco era o lado econômico, e a relação era com apenas um stakeholder: o governo. Ele decidia o que era necessário para adequar o país às demandas do cenário internacional e garantir a competitividade e o desenvolvimento econômico, que se desdobrava em ganhos sociais; na África o foco era totalmente social, com evidente desprezo pelo meio-ambiente por questões prementes de sobrevivência; finalmente no Brasil o foco é social, pois temos uma tradição de possuir um bioma riquíssimo e leis sofisticadas. Partindo da descrição mais básica do Relatório Bruntland, como se vê a realidade cultural e econômica de cada região ou setor implica em interpretações das mais diversas.
2) Existe uma idéia equivocada de que Sustentabilidade é coisa para empresa grande, e algo muito fora da realidade no universo de médias e pequenas empresas. A FIRJAN congrega associadas de todos os portes e setores. Como está a visão das empresas a esse respeito no Rio de Janeiro?
CLAUDIA –
3) Qual costuma ser a maior resistência à implementação da Sustentabilidade dentro das empresas? Por que?
ORLANDO e ROSANA –
4) O Bradesco apresenta-se como o “Banco do Planeta” e a área de Seguros está completamente envolvida com aspectos sociais e ambientais. A quem cabe, afinal, a tarefa de implementar a Sustentabilidade na empresa? Como envolver e alinhar o público interno e criar uma cultura voltada para a Sustentabilidade?
ROSANA – através da gestão do conhecimento, com programas de treinamento, eventos, e muita insistência. É um processo novo, e para nós da área de seguros é fundamental olhar o tema como prevenção, já que trabalhamos com saúde e sinistros. A forma de trabalhar é transdisciplinar, o que representa um desafio maior.
5) Os executivos das empresas estão suficientemente preparados para utilizar os instrumentos de controle e reporte da Sustentabilidade atualmente existentes ?
5) Os executivos das empresas estão suficientemente preparados para utilizar os instrumentos de controle e reporte da Sustentabilidade atualmente existentes ?
CLAUDIA E ROSANA – como “dominar” instrumentos para usar em algo ao qual nem se dá importância? Infelizmente é a realidade nas empresas. Somente quando as próprias lideranças estiverem envolvidas e comprarem a idéia é que será possível realmente implementar a sustentabilidade. Ao formalizar um relatório, isso obriga os gestores a parar, pensar no assunto, unir especialistas de diferentes áreas para refletir sobre os temas, debater e achar soluções consensadas. Precisamos, entretanto, simplificar as legislações tornando-as mais compreensíveis.
6) Vocês mencionaram que, antes de mais nada, Sustentabilidade é uma questão de Gestão de Risco. Por que ?
6) Vocês mencionaram que, antes de mais nada, Sustentabilidade é uma questão de Gestão de Risco. Por que ?
CLAUDIA e ORLANDO – temos que mudar a mentalidade de que isso não é nem questão de investimento (retorno) nem de custo (algo que não agrega valor), mas de hedge. Além dos riscos envolvidos nas questões jurídicas (licenciamentos ambientais, embargos etc) o maior risco é a “Licença Social para Operar”, ou seja, a comunidade comprar a idéia e aceitar a empresa. Há muitos casos emblemáticos, como a Union Carbide, que após o acidente em Bophal/Índia, teve que pagar indenizações milionárias, fechou e acabou falindo a matriz. Ou o Instituto Italiano de Design na Urca/RJ, que está pronto mas embargado por pressão da associação de moradores, devido aos custos sociais envolvidos (estresse dos acessos viários do bairro, poluição sonora e sobrecarga do sistema de água e esgoto). A sustentabilidade tem que fazer parte do planejamento de todos os projetos e até mesmo ser incorporada aos sistemas de remuneração variável dos funcionários. É preciso inserir esses quesitos, segundo as características que impacatam cada empresa e setor mais diretamente, e estipular um percentual para eles na matriz da remuneração que realmente estimule os gestores ou, contrariamente, os penalize caso as metas não sejam atingidas.
Foi consenso de todos que o protagonismo do Brasil nos mais diversos fóruns internacionais vai nos colocar mais expostos e obrigar o governo a endurecer a cobrança sobre as empresas, que precisarão estar preparadas. Mas para isso é preciso melhorar a formação dos gestores, urgentemente. Não de forma ideologizada, pois assim um ambientalista e um diretor comercial não se sentariam juntos nem por cinco minutos. Mas quando se entende que Sustentabilidade requer um esforço cooperado, técnico e multidisciplinar, a coisa muda de figura.
2 comentários:
Muito interessante e quanto mais expostos no cenário mundial maior a cobrança e desafio.
Grande abraço,
André Almeida - FGV - MKT - TURMA 75 - BARRA
e-mail andrealmeida1178@yahoo.com.br
Rio de Janeiro - Brasil
Prezada Patrícia boa noite.
Primeiro quero te agradecer e parabenizar pela aula ministrada para a nossa turma do MKT 26 de Santo André.
Nós como gestores é muito importante que tenhamos a consciência e a preocupação com o futuro do nosso planeta .
No passado infelizmente o povo brasileiro em geral não teve a chance de obter a educação ambiental e princípios básicos de sustentabilidade tanto na escola bem como em seus lares.
A parte boa é que hoje em dia podemos sentir mesmo que vagarosamente que já existe uma parte da sociedade que têm essa preocupação em ensinar esses princípios nas escolas primárias e nos próprios lares , ainda é pouco mas já é um começo.
Tenho o meu caso como exemplo que só comecei a me preocupar com estas questões a uns dez anos.
Na nossa turma da classe eu acredito que muita gente ainda não havia tomado as pílulas vermelhas e depois da sua overdose saíram da aula como uma percepção diferente das nossas missões/ambições aqui no nosso planeta.
Mais uma vez parabéns.
Mendo para o seu email a “CARTA DA TERRA”, caso você não conheça trata-se de uma carta da ONU traduzida para todos os países do mundo com as obrigações e formas de conduta para termos com o nosso querido planeta.
Esta carta tem como objetivo ser lida pela maior quantidade de pessoas da TERRA.
Um abraço,
Obs : Adorei o seu blog , muito legal !!
Eng. Marcelo Palavani
Gerente de Vendas
WEG AUTOMAÇÃO
palavani@weg.net
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