Ártico

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

LUGAR DE HISTÓRIA FALSA É NA LITERATURA, NÃO NO MARKETING

Não custa insistir, já que começa um novo ano: se há um PECADO MORTAL para uma marca nos dias atuais é mentir. Criar e contar histórias falsas em tempos de redes sociais e algoritmos de busca, que têm capacidade para rastrear fotos e reconhecimento facial, é mais que um risco: é burrice mesmo. 


Agora em janeiro bombou na web o clipe da banda Maroon5 lançando a canção "Sugar", mostrando que iam aparecer de surpresa no "máximo de casamentos onde conseguirmos penetrar". Um mini-palco era montado vapt-vupt pela produção no salão de festas, noivos e convidados atônitos e excitados viam a banda entrar e tocar a animada música. Mas... em 48 horas internautas já haviam descoberto que pelo menos dois casamentos eram falsos, que os noivos eram atores e, inclusive, casados com outras pessoas. Que vergonha...! 



Ano passado tivemos a Friboi enfrentando o problema de um garoto-propaganda de suas carnes (Roberto Carlos) que notoriamente sempre foi vegetariano. Tantas críticas, que retomaram o uso de Tony Ramos e Roberto rompeu o contrato com a marca. Logo em seguida veio Fátima Bernardes (também vegetariana) anunciando os frios Seara. Tiveram que fazer campanha no Natal mostrando a apresentadora levando um naco generoso de tender à boca, só por garantia, e ainda lançar um video "Seara Verdade", onde a apresentadora diz que é sempre possível mudar. 



A Diletto fez história ao ser a primeira empresa punida pelo CONAR por falso storytelling: a família Scabin inventou um suposto antepassado "vovô Vittorio", para ilustrar suas embalagens e anúncios, como criador das receitas de sorvete da marca. "Acho que fomos longe demais", disse o empresário Leandro Scabin à Exame.  


E o que não dizer da propaganda política brasileira? Tanto que, em entrevista ao Meio & Mensagem, em novembro 2014, Paulo de Tarso (responsável pelas campanhas de Lula em 1989 e Marina Silva em 2010) revelou que um grupo de profissionais de marketing político pretende criar uma entidade que regulamente e fiscalize a atividade, nos moldes do CONAR. Paralelamente, a Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), presidida por Carlos Manhanelli, desenvolve um código de ética para o segmento. Tomara! 

Então, ficam os conselhos: 

  • se a marca não tem história, não invente; 
  • se o "embaixador" do produto não tem real conexão com ele, escolha outro;
  • se quiser agregar storytelling ao marketing, deixe claro que trata-se de um universo ficcional criado para compor o ambiente do produto. 
Bons exemplos:  as historinhas da Nespresso com George Clooney e outros atores convidados, o gentleman's waiger da Johnnie Walker Blue, o Segredo dos Vales Mágicos da Del Valle/Kapo, as histórias da Nextel com artistas e atletas. 












Nenhum comentário: