Ártico

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O papel dos Conselhos de Administração para disseminar a Sustentabilidade nas empresas

REPRODUZINDO IMPORTANTE PALESTRA DA CONFERÊNCIA ETHOS 2013



Com o papel de levar para dentro das empresas as agendas da sociedade, os Boards têm o desafio de deixar um legado, engajando executivos com a sustentabilidade
A necessidade de tornar transversal o tema da sustentabilidade nas empresas já é um consenso entre as corporações. Compreender qual o papel dos conselhos de administração nessa tarefa foi o objetivo do painel “Encontro Santander de presidentes de conselho de administração: A decisão estratégica e o modelo de negócio sustentável. Da visão para a ação”, promovido na manhã do segundo dia da Conferência Ethos 2013. As soluções propostas incluem condicionar a remuneração variável às metas de sustentabilidade, exigir dos conselheiros conhecimentos no tema e a troca de experiências entre as instituições. Contudo, todos os pontos convergem para uma única afirmação, a qual nenhum dos lideres presentes titubeou em referendar: é fundamental engajar as pessoas.
Celso Giacometti, vice-presidente do Conselho de Administração do Santander, lembrou a todos os presentes que abordar ou não a sustentabilidade já não é uma questão em nenhum conselho, mas sim como fazê-lo. “Temos que entrar no jogo, apoiar e estar capacitados”, enfatizou.
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Promon há 37 anos, Luiz Ernesto Gemignani relatou que na empresa o mecanismo utilizado para conseguir esse engajamento é o condicionamento da remuneração variável dos colaboradores às metas de sustentabilidade. “Além disso, quando entram na empresa, todos são convidados a adquirir ações. Hoje, cerca de 80% dos nossos funcionários são acionistas. Se eles se desligam da empresa, são obrigados a vender as ações”, explicou.
A necessidade de os conselheiros cuidarem para que as pessoas tenham espaço para propor suas ideias foi destacada por José Édison de Barros Franco, presidente do Conselho de Administração da InterCement que já participou de 22 conselhos diferentes. “Falar de inovação é falar de gente. Isso não é diferente na área de sustentabilidade. Acredito que o tema ‘pessoas’ deve ser visto principalmente do ponto de vista de gestão participativa, para que as pessoas possam levar suas ideias e opiniões”. Com base em sua experiência ele ainda enfatizou: “a diversidade é muito importante para transportar as experiências das diferentes empresas umas para as outras. A troca tem um impacto muito grande”, complementou.
Lembrando da dinamicidade dos conselhos, que trocam seus membros periodicamente, Giacometti falou do trabalho que deve ser dispensado para perpetuar os temas da sustentabilidade. “Tem que ficar impregnado. O conselheiro tem que tentar deixar um legado. Entendo que a verdadeira missão está em engajar pessoas como os gestores”. Ele comenta ainda que ao longo de sua trajetória no banco ele já pode observar mudanças de comportamento. “Houve um tempo em que ter apenas um integrante do conselho versado nos temas de finanças era suficiente. Hoje, todos têm que ter conhecimento neste assunto. Estou vendo o mesmo acontecer com a sustentabilidade”, afirmou.
Para Sérgio Mindlin, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, é papel dos conselhos trazer para dentro das empresas as agendas do país. Ele relacionou a necessidade de integração com o modelo antigo de se fazer economia. “A ideia de que as empresas podem não se envolver com a agenda do país é um pouco semelhante à ideia dos economistas de algum tempo atrás, que dizia que os sistemas produtivos não precisavam se importar com o que estava antes e depois de seus processos. Hoje, não é mais possível isolar um sistema. Vivemos em um mundo interligado. Se algo não vai bem, nada vai bem”, destacou.
Esta interligação foi também lembrada na análise de Luiz Ernesto, que enfatizou: “Nem as espécies evoluíram somente com a competição, elas cooperam entre si. As pessoas precisam estar genuinamente convencidas de o todo é mais importante do que a parte e que cooperar é mais importante do que competir”.
Por Alice Marcondes, especial para o Instituto Ethos
http://www3.ethos.org.br/ce2013/conselhos-empresariais-e-a-missao-de-engajar-pessoas/

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