Ártico

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

[ECO] Consumidor está valorizando mesmo as eco-moradias?

Até que ponto as construções sustentáveis vão "pegar" no mercado? Coincidentemente, no dia em que almocei com Romeo Bussarelo em SP (Dir.Marketing da premiada/admirada Tecnisa), o Estadão publicou que o Brasil é o 4o país com mais prédios sustentáveis. Mas nem tudo é tão simples assim, como ele me explicou.

Pense: quantos prédios têm intrínsecos processos de economia de água e energia, eco-materiais, coleta seletiva de lixo, iluminação ou regulação térmica naturais? As construtoras precisam urgentemente  matricular esse assunto de forma mais contundente nos seus empreendimentos. Cyrela, Gafisa, Brooksfield e congêneres até por demanda legal atuam bastante nos canteiros de obra (uso da água, reciclagem de entulho, alfabetização dos operários) mas deixam muito a desejar na "inteligência" dos projetos de engenharia/arquitetura. Ando envolvida com o projeto Barra Sustentável (www.sheraton-barra.com.br/barrasustentável ), por conta da imensa expansão imobiliária da região que tornou-se a fronteira de crescimento do Rio. Moro num empreendimento da Cyrela inaugurado em 2010 no eco-bairro da Península (mérito da C.Hosken) e nem coleta seletiva temos. Dia de chuva e o sistema de irrigação dos jardins aciona automaticamente e jorra água pra tudo que é lado... Horário de verão e o sistema automático liga as luzes da piscina...

A verdade é que o consumidor final tem dificuldade de tangibilizar os ganhos futuros que terá com dispositivos sustentáveis, que chegam a encarecer até 2,5% o valor do imóvel. Prefere pagar menos porque não enxerga as economias que serão geradas na cota de condomínio a médio prazo. Dos 28 prédios verdes (LEED) mencionados no artigo do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,brasil-e-o-4-pais-com-mais-predios-sustentaveis-,793127,0.htm), a maioria absoluta é comercial*, não residencial. O controller das empresas calcula facilmente na ponta do lápis os ganhos de energia, água e marketing social corporativo. Daí o dilema das incorporadoras: investir num monte de dispositivos que podem aumentar o custo em até 10% (descargas econômicas, materiais reciclados, captação de água, vidros isotérmicos, elevadores inteligentes) e perder clientela no competitivo mercado residencial? Um dilema a ser contornado por meio da criação de softwares confiáveis que consigam calcular/tangibilizar os ganhos futuros, um marketing ambiental mais agressivo em parceria com fornecedores de materiais de construção e leis que tornem obrigatórios ou desonerem tributariamente esses dispositivos.

(*) WTorre Nações Unidas, WTorre JK, Rochaverá Corporate Offices, Pão de Açúcar Vila Clementino, Hospital Albert Einstein, Edifício Jatobá, Eldorado Business Tower. Na foto, o Eco-Berrini.

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