A primeira é a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em julho/2011, que obriga as empresas, entre outras coisas, a fazer logística reversa, ou seja, assumir a operação e os custos do descarte e reciclagem dos seus produtos e embalagens. No Japão existem mais de 250 categorias submetidas a esse tipo de lei, que no Brasil vigorava até então para pneus, lâmpadas fluorescentes, óleos lubrificantes, agrotóxicos, pilhas e baterias. Juntaram-se à lista as embalagens de linha branca e marrom (eletroeletrônicos como TVs e audio), que caíram no colo dos varejistas. Os que entregam na casa do cliente são obrigados a trazer de volta as embalagens. Veja o problema: o grupo catarinense Angeloni treinou funcionários para recolher papelão e isopor. Depois de muito pesquisar achou UMA empresa, a Termobloco de Tubarão/ES, disposta a aceitar "sem cobrar nada" o isopor descartado, que é matéria-prima para seus tijolos com isolamento térmico, veja você! A Arno já trocou o berço de sua cafeteira Dolce Gusto por cartonado pré-moldado, livrando-se da dor de cabeça.
Outra novidade é a inclusão nas normas do CONAR de regras para utilização nas propagandas de termos da moda, como sustentabilidade ou ecológico, obrigando sua comprovação por metodologia científica confiável. Na Europa isto já existe há anos, evitando a prática do greenwash (ou fraude verde).
Os reflexos para os gestores de marketing são a necessidade de inovação radical na fase de P&D, com uso de materiais reciclados/recicláveis, estruturas reconfiguráveis, refil, embalagens mais simples e reaproveitáveis, eliminação de compostos eco-inamistosos, negociação de parcerias com varejistas e empresas de reciclagem (um mercado que deverá se desenvolver muito nos próximos anos, a exemplo do que ocorreu com Pet e Alumínio); durante a fase de produção, o monitoramento de toda a cadeia de suprimentos (seja terceirizada ou quarteirizada), evitando o que ocorreu com a Zara, acusada de utilizar mão-de-obra escrava com grandes prejuízos para a marca; na fase de divulgação preocupar-se com a responsabilidade sócioambiental e a ética dos argumentos/abordagens usados e dos materiais empregados - desde a cartucharia até os impressos (folhetos, folders, displays etc); na distribuição, alinhar os parceiros e estudar logística com baixo impacto de emissões de CO2 e melhor aproveitamento de carretas e containers por meio de redução no tamanho das embalagens e concentração das fórmulas. Veja o caso do Band Aid (J&J): reduziram 90 containers/ano só pelo reaproveitamento das aparas do papel siliconado das bandagens por uma recicladora em Recife. Ou do amaciante de roupas Comfort, que por demanda de um projeto do Walmart "encolheu" seu frasco e concentrou o produto gerando menor uso de água na fabricação e plástico no frasco (ganhos no transporte e descarte).
Está claro que todas essas etapas terão reflexos nos custos e margens, que precisarão ser estudados. Não adianta pensar que o consumidor vai absorver, porque seu orçamento não é elástico. Sustentabilidade é, acima de tudo, sinônimo de inovação e o desafio de mudar modelos mentais.
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