Ártico

segunda-feira, 22 de junho de 2009

[SOCIAL] A sobrevivência da espécie humana depende de voltarmos a ser humanos


Fiz questão de buscar várias teorias científicas consagradas no meio acadêmico, ambientalista e empresarial para embasar o que mais ouvi durante os dois importantes eventos dos quais participei – a “Conferência Internacional Ethos 2009/Rumo a uma nova Economia Global” e o “UnoMarketing/Comunicação Consciente”. Não se falou de outra coisa: CONEXÃO e CONSCIÊNCIA.

O psicólogo Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia em 2002, cunhou o termo Ciência Hedônica – estudo daquilo que torna a vida prazerosa ou não. Seus colegas Nobel, Joseph Stieglitz e Amartya Sem, trabalham para criar um “indicador de felicidade” como medida econômica para substituir o PIB. O escritor e futurista Erwin Lazlo defende que o velho paradigma da Conquista, Consumo e Colonização está se auto-destruindo, e um novo paradigma está emergindo: Conexão, Compreensão e Cooperação. A “Carta da Terra” construída durante seis anos via cooperação multidisciplinar e global fala de amor, felicidade e cuidado. Ken Wilber, criador da “Psicologia Integral”, em 97 foi considerado pelo jornal alemão Die Welt "o maior pensador no campo da evolução da consciência" e com sua “Teoria de Tudo” propõe um meta-modelo do conhecimento que unifique e estruture físico, vida, mente, alma e espírito, e portanto negócios, política, ciência e espiritualidade. Afinal, um consumidor, um executivo e um político são, antes de tudo, seres humanos com valores, espiritualidade, desejos, sonhos e sentimentos.

Isto foi apenas para preparar seu espírito para os conceitos apresentados pelo filósofo Bernardo Toro: “Quando a sobrevivência da espécie está em risco, desaparecem discussões ideológicas e fronteiras geográficas”. Só vamos sobreviver mudando totalmente o eixo de nosso comportamento e construindo uma nova ética baseada em RESPEITO e CUIDADO.

CUIDADO com o corpo (saúde, estética, expressão corporal), com o espírito (autoconhecimento, auto-estima, autonomia, controle dos sentimentos negativos, ter um projeto de vida) e com os outros (vínculos familiares, amigos, amores, redes de apoio social e profissional, organizações civis). É urgente mudar a forma como enxergamos nosso intelecto: um bem privativo que nos dá proteção e vantagem competitiva, a inteligência escolar tradicional. Ao invés, renunciar à pressão guerreira por desempenho e adotar um “altruísmo cognitivo”, questionando e refletindo sobre a realidade, sendo criativos, solidários, aprendendo a pedir ajuda e informação, fonte de moldagem do nosso caráter.

RESPEITO na forma de lidar com os outros, buscando equidade, solidariedade, formação e participação política e cuidando dos bens públicos. Claro, cuidar do planeta, adotando os 3 Rs (Reutilizar, Reciclar, Reduzir), agora austeridade é chique !

Para isso precisamos adotar três providências simples: CONVERSAR (falar a verdade, com fundamento, sinceridade e precisão), ESCUTAR (estar aberto a outras versões) e fazer SILÊNCIO (refletir). Cada um de nós é um observador diferente da realidade e não existe verdade absoluta, o que seria uma violência, uma imposição. E se toda empresa é um sistema de relacionamentos, então é de conversas – internas e externas. Nesse âmbito, buscar transações ganha-ganha; saber criar valor econômico e ético simultaneamente (Coopetência); produzir bens úteis, dignos, sustentáveis; aumentar qualidade e diminuir obsolescência; estimular consumo sustentável; e exigir transparência do Estado.

Confesso que saí com a cabeça fervilhando, porque se numa reunião do PIB nacional que reuniu 1.600 pessoas alinhadas com o fato de uma nova economia não ser opcional porque o estado do mundo é crítico, essas questões estão sendo vistas como viáveis e necessárias, logo, um tsunami de mudanças está vindo por aí.

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