Ártico

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Não é horóscopo chinês: saem a Era do Touro e do Dragão, entra a Era da Fênix


Não se engane: a atual crise não é nem uma recessão nem uma depressão, mas uma descontinuidade, daí a perplexidade dos estudiosos e a impotência de governos e empresas. É chegada a Era da Fênix (ave que renasce das cinzas), ou seja, ruptura nas formas de pensar e trabalhar que vêm se provando obsoletas. Como um paradigma funciona:  persiste durante longo tempo e num instante se rompe e implode o que está estabelecido, nos pegando desprevenidos, trazendo desafios inéditos e oportunidades.

A Era do Touro (ícone de Wall Street - 2000 a 2009), que entrou em colapso primeiro nos EUA, depois na Europa, é ilustrada por instituições financeiras e conglomerados industriais como Ford, GM, AIG, Citicorp e Lehmann Brothers. É o modelo neoliberal (single bottom line) de busca imediatista de lucros, visão egoísta e de curto prazo. A crise continua se alastrando, agora na União Européia, com a África totalmente abandonada à própria desgraça há tempos.

A Era do Dragão, quando emergiram os “tigres asiáticos” e os BRICs, trouxe planejamento de longo prazo turbinado por modelos de negócio e cadeias de valor tipo double bottom line – crescimento econômico acelerado e grande coesão social (muitas vezes nacionalismo exagerado, como China) – enfrentando passivos ambientais e restrição de recursos naturais.

Entra em cena a Economia Fênix, novo paradigma econômico pós-crise de 2008. Nome criado por John Elkington, pai do termo triple bottom line, que define o moderno conceito de sustentabilidade. Em parceria com a Skoll Foundation, mapeou 50 companhias (empreendedores, investidores e corporações) que estão liderando uma revolução de inovação, enfrentando os enormes desafios impostos por essa ruptura e desenhando os rumos desse novo paradigma.

Alguns exemplos, pra quem pensa que é utopia: 

GE com sua iniciativa Ecoimagination de energias renováveis; 

Google.org – a ONG do Google

GSK e sua redução radical dos preços de remédios para os países pobres; 

TNT e sua logística para ajuda em catástrofes e iniciativas de larga escala como reflorestamento na África; 

Better Place do empresário Shai Agassi, que desenvolve a rede de abastecimento para veículos elétricos; 

Grameen Group, fundado pelo Nobel de Economia Mohammed Yunus, que difundiu o microcrédito na Índia e inspirou iniciativas do Banco Real e Unibanco;

Arup, o escritório de design, arquitetos e planejadores de eco-cidades como Dongtan e Xangai; 

A microempresa Apopo, com sua tecnologia de ratos farejadores de minas terrestres;  

Water.Org, ONG do ator Matt Damon que financia poços artesianos e a Pure da P&G, que distribui purificadores de água na África, onde a desertificação é calamitosa.

A eles somam-se ONGs, parcerias público-privadas para incubar empresas, organizar cooperativas desde catadores de lixo/reciclagem até trabalhadores informais (geração de emprego e renda), ou empresas desenvolvedoras de tecnologias sociais e metodologias que dão conta de processos de gestão sustentáveis e certificações globais confiáveis e até movimentos como o Projeto Gota D'Água de artistas contra a hidrelétrica de Belo Monte.

Para ver a lista completa e os exemplos fantásticos das iniciativas, entre em www.volans.com e também visite o site do forum de inovação TED Global e de seus eventos regionais, com muitos videocasts das palestras. 

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