Não custa insistir, já que começa um novo ano: se há um PECADO MORTAL para uma marca nos dias atuais é mentir. Criar e contar histórias falsas em tempos de redes sociais e algoritmos de busca, que têm capacidade para rastrear fotos e reconhecimento facial, é mais que um risco: é burrice mesmo.

Ano passado tivemos a Friboi enfrentando o problema de um garoto-propaganda de suas carnes (Roberto Carlos) que notoriamente sempre foi vegetariano. Tantas críticas, que retomaram o uso de Tony Ramos e Roberto rompeu o contrato com a marca. Logo em seguida veio Fátima Bernardes (também vegetariana) anunciando os frios Seara. Tiveram que fazer campanha no Natal mostrando a apresentadora levando um naco generoso de tender à boca, só por garantia, e ainda lançar um video "Seara Verdade", onde a apresentadora diz que é sempre possível mudar.
A Diletto fez história ao ser a primeira empresa punida pelo CONAR por falso storytelling: a família Scabin inventou um suposto antepassado "vovô Vittorio", para ilustrar suas embalagens e anúncios, como criador das receitas de sorvete da marca. "Acho que fomos longe demais", disse o empresário Leandro Scabin à Exame.
E o que não dizer
da propaganda política brasileira? Tanto que, em entrevista ao Meio
& Mensagem, em novembro 2014, Paulo de Tarso (responsável
pelas campanhas de Lula em 1989 e Marina Silva em 2010) revelou que um grupo de profissionais de marketing político pretende criar uma entidade que regulamente e
fiscalize a atividade, nos moldes do CONAR. Paralelamente, a Associação Brasileira de Consultores
Políticos (Abcop), presidida por Carlos Manhanelli, desenvolve um código de
ética para o segmento. Tomara!
Então, ficam os conselhos:
- se a marca não tem história, não invente;
- se o "embaixador" do produto não tem real conexão com ele, escolha outro;
- se quiser agregar storytelling ao marketing, deixe claro que trata-se de um universo ficcional criado para compor o ambiente do produto.