Ártico

terça-feira, 29 de abril de 2014

EXECUTIVOS DE SUSTENTABILIDADE CONTAM SUAS HISTÓRIAS DE LUTA PELO TEMA DENTRO DAS EMPRESAS

Continuando seu processo de disseminar a sustentabilidade pelo país, a PLATAFORMA LIDERANÇA SUSTENTÁVEL, depois de três anos de palestras e road shows com CEOs de empresas benchmarks na área, realizou um encontro com quem bota a mão na massa e briga por ela nessas organizações: os diretores de sustentabilidade.

Num formato intimista de teatro de arena, rodeados de público por todos os lados, eles deram o seu recado. 


Diretores da AES, Alcoa, Braskem,
Natura, Whirlpool, Santander, Itau, Duratex,
Tetra Pak, Even e Votorantim com o organizador
Ricardo Voltolini da Ideia Sustentável


Foram onze executivos, contando as histórias de como entraram nessa área, os desafios que enfrentaram e dicas de como encará-los. Nada foi nem é fácil, e o que pude resumir do que aprendi lá e compartilho como vocês:

1) A sustentabilidade é multidisciplinar e ainda confusa em termos de formação profissional - cada um veio de uma área diferente (engenharia química, artes plásticas, marketing, engenharia civil, jornalismo, finanças), foi parar nesse cargo por acaso e de repente, quando a empresa sentiu no mercado a necessidade, e precisava colocar alguém para cuidar. Compreensível: enquanto a medicina tem 600 anos de vida, a sustentabilidade tem no máximo 40. 

2) O tempo da empresa é diferente (e mais lento) que o drive da área de sustentabilidade. Os resultados das ações demoram a aparecer e muitas vezes ocorrem muito longe de onde se está atuando (por ex num fornecedor ou numa comunidade) e não em processos internos da empresa. E cada produto (e portanto departamento) terá uma forma diferente de contribuir para o resultado global. 

3) É preciso ser RESILIENTE - ter paciência e não desistir nunca, pois os obstáculos são muitos e os céticos também (os colegas gestores e até os consumidores). Agarre-se na sua convicção, motive e traga para perto os crentes, conecte as pessoas internamente com o tema, trabalhando em parceria com cada departamento para entender como seus processos funcionam e idem a cabeça do consumidor. Ex: na Natura, questionou-se um frasco de perfume que usava muito vidro, no meio de um projeto de redução dos resíduos. A resposta da área de marketing: o consumidor de perfumaria premium só reconhece valor se o frasco for pesadão ! 

4) É preciso aturar REJEIÇÃO - por falta generalizada de entendimento do que essa área faz, se é tratado como chato, supérfluo, ingênuo e tem que encarar a eterna briga entre fazer o que seria melhor  a longo prazo versus agradar o cliente e assim contribuir para as vendas e o EBITDA  (curto prazo). Ex: na construtora Even, a área de sustentabilidade só ganhou peso quando a empresa queria entrar no ISE da Bovespa e, graças ao que já estava implementado, conseguiu fazer parte dessa carteira de ações premium, atraindo de imediato investimentos de seis grandes Fundos. 

5) Cumprir metas é diferente de cumprir os OBJETIVOS - uma meta pode ter sido atingida, mas cabe perguntar: o processo melhorou? Estamos oferecendo mais qualidade? Tendo mais cuidado nas decisões gerenciais? Senão a cultura não está mudando, o modelo de negócio continuará o mesmo, sem evoluir. Ex: na AES, o Comitê definiu 5 temas e cada executivo ganhou um deles para cuidar, independentemente de sua área específica na empresa. 

7) É preciso criar indicadores para medir a criação de VALOR COMPARTILHADO, desdobrando em GOVERNANÇA (políticas, comitês, relatórios, programas de remuneração atreladas a metas de sustentabilidade). Só assim se poderá continuar a ter a preferência das pessoas. Ex: a Natura acaba de fazer um Plano Estratégico de 50 Anos, onde apresentará o conceito de REGENERAÇÃO, um degrau acima da prática de reciclagem, neutralização e responsabilidade. A Votorantim adotou 33mil hectares de floresta e criou indicadores de valor para provar que "floresta em pé se paga". 

8) Gente não muda por download ! É preciso engajar, fazer as mudanças através das pessoas, ajudá-las a compreender e atuar no tema. Dinheiro é importante, mas as pessoas são mais. Só vai acontecer mudando o modelo mental e conciliando nossa Pessoa Física com a Pessoa Jurídica. 


As histórias podem ser lidas no livro que acaba de ser lançado, e em breve também nos vídeos do evento que estarão disponíveis no site www.ideiasustentavel.com.br. 


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