Ártico

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

NÃO SEJA MÍDIA-OTÁRIO, FIQUE MAIS ESPERTO E ALERTA

Dois acontecimentos esta semana me provocaram a alertar as pessoas sobre o perigo de embarcar sem checar as notícias que chegam diariamente via mural do Facebook, Twitter e principalmente a mídia tradicional.

Primeiro foi uma notícia de jan/2011 que circulou nas redes como sendo de jan/2013 (2 anos depois!), erroneamente associada às enchentes de Xerém, fazendo várias críticas ao Luciano Huck, vinculando-o à campanha do PSDB/Aécio Neves, numa cronologia doida que ninguém percebeu antes de sentar o pau no cara e sair compartilhando. 

Mas o golpe de misericórdia foi a pegadinha criada em 2009 pelo programa semanal Hungry Beast (TV australiana, canal ABC1) para provar que os editores de mídia raramente checam as fontes das infos que recebem via press releases, e um recicla notícias dos outros. Portanto, lemos todo tipo de desinformação e falsidades.

A equipe do programa criou uma "fundação fantasma", o Instituto Levitt. Treinaram uma repórter para se fingir de porta-voz do instituto, que divulgava uma pesquisa dizendo que os cidadãos de Sidney eram os mais ingênuos do país.  Mandaram o release para a distribuidora de notícias (newswire) Media Net/AAP e ela fez o seu trabalho de enviar para todos os veículos online, de rádio, jornal e TV escolhidos no seu cadastro, a um custo de U$ 350. E dezenas deles publicaram, cobertura local e nacional. 



Porém, o HB deixou de propósito várias pistas da falsidade: o endereço do instituto era um galpão abandonado. O Presidente, Carl Varnsen, era um pseudônimo de Jerry Seinfeld. O único resultado que aparecia nas buscas do Google era o do site criado para o "instituto" há 2 semanas. O próprio release informava literalmente que se tratava de uma informação falsa (veja foto). Somente o Media Watch denunciou que aquilo era um hoax, fazendo uma verificação muito rápida dos dados pela web. Apenas uma pessoa em casa pesquisou a informação, gastando apenas 10 minutos - logo, qualquer um poderia ter descoberto o mesmo.



A lição que nos fica é o quanto grandes empresas e grupos de interesse, com dinheiro e equipes de RP enormes, tem a fácil capacidade de manipular informação, aproveitando-se de editores sobrecarregados e pressionados por prazos de fechamento, que não checam nada e simplesmente se tornam cúmplices ou vetores para que nós - o público, os consumidores ou eleitores - vamos engolindo todas essas pseudo-verdades e orientando nossas escolhas segundo fatos que são ficção pura ou distorções. Então, cuidado com a manipulação, baixe sua velocidade impulsiva de compartilhamento e gaste um tempo na verificaçao da veracidade, pois hoje a web te dá esse poder com facilidade !