Ártico

quinta-feira, 28 de maio de 2009

[DIGITAL] O “LATINO DIGITAL”


Se você ainda tinha dúvidas ou resistências sobre o uso de mídias digitais para disseminar qualquer tipo de informação (denúncias, campanhas, produtos), vários depoimentos no recente WAVE Festival trataram de demolir o preconceito.

Os latino-americanos são o povo mais presente na web, brasileiros à frente da tendência. O seu uso do celular e do computador está acima da média mundial, e no Brasil ficamos mais de 24h/mês nessas plataformas. Os 145 M de internautas nacionais passam por semana 7h lendo notícias, 3h assistindo vídeos, 11h em programas de mensagem (Skype, MSN) e 60% estão em redes sociais (por vezes mais de uma). Por isso o investimento em publicidade online cresce 30-35% ao ano enquanto as outras mídias vêm caindo.

O Portal Terra veiculou em tempo real na web e no celular os Jogos de Pequim, e teve mais internautas (1,5M) do que a rede de TV NBC americana que detinha os direitos de transmissão (1 M).

Pesquisa “O futuro da mídia” da Deloitte e Harrison Group em 2008, com pessoas das gerações Y (14-25 anos), X (26-42), Baby Boom (43-61) e Madura (62-75) confirma a dominância dos jovens nesses meios, sendo que para 81%, o computador superou a televisão como fonte de entretenimento. Games são importantes formas de diversão para 58% dos entrevistados e 83% produzem seu próprio conteúdo de entretenimento usando programas de edição de fotos, vídeos e músicas.

Segundo o Ibope/Net Ratings, só em maio de 2008, 20,6 milhões de pessoas freqüentaram sites de relacionamentos, fotologs, videologs e programas de mensagens instantâneas. As redes sociais já desempenham papel mais importante que o acesso a emails no cenário da internet mundial. No mundo, enquanto em média 65,1% dos internautas acessam emails, 66,8% acessam redes sociais. E o Brasil é o líder absoluto em redes sociais, com 85% de seus internautas que acessam pelo menos uma rede. Na prática isso reafirma a tendência de se contextualizar, analisar e organizar de forma capilar os conteúdos, inclusive os jornalísticos, em sites e blogs, deixando para trás os velhos modelos dos jornais impressos diários.

Enquanto isso, em Brasília... o Exmo. Ministro das Comunicações, perdendo o bonde da história e demonstrando sua grande expertise no assunto, afirmou no 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão que "Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão". É, estamos bem servidos...


[MARCA] Sustentabilidade invade as Agências de Propaganda


Duas notícias importantes chegaram ao mercado este fim de mês: as agências de propaganda Ogilvy e África criaram estruturas inteiramente dedicadas ao branding e sustentabilidade. Antiga “usina” de resultados imediatistas para clientes capitalistas às vezes selvagens e criativos em ego-trip, o setor de propaganda finalmente acorda para a necessidade de se readequar às novas demandas de um mercado mais sócio-ambientalmente engajado, onde não cabem estereótipos, falta de ética, consumismo inconsciente e conversas superficiais.

A Ogilvy Earth vai unificar as atividades de publicidade, RP, relações governamentais, entretenimento, endocomunicação, mídia digital e consultoria sob um mesmo guarda-chuva, atuando como braço de sustentabilidade para os clientes. Foi a Ogilvy que criou a controvertida campanha “Beyond Petroleum” da BP (acusada de ser greenwash) e a “Smart Planet” para IBM. A O.Earth já começa com a campanha para a conferência de mudanças climáticas da ONU em dezembro, em Copenhagen.

A África comprou o passe de Rômulo Pinheiro, ex-diretor da Thymus (leia-se Ricardo Guimarães e branding Natura, Banco Real e TAM) e ex-BrandAnalytics, consultoria focada em avaliação financeira de marcas. Ele levará para a agência em nível de VP uma inestimável expertise em trabalhar com o DNA das marcas e processos transversais que integram criação, planejamento, atendimento e mídia de forma multidisciplinar e focada nos ativos intangíveis dos clientes.
Quem sabe agora começaremos a ver campanhas menos "engraçadinhas" e mais relevantes, onde faça diferença se tamparmos o logotipo - quantas marcas resistiriam a este teste e ainda assim seriam reconhecidas, pela sua coerência interna, seu discurso característico, a visão de mundo que defendem?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

[SOCIAL] Os Conexionistas e os Gerentes de Ecorrelações


Se já percebeu que “tudo está conectado a todas as coisas” e que “a empresa é um sistema vivo integrante de um ecossistema complexo” (Fund.Nac. Qualidade), vai achar naturais as novas profissões que apontam no horizonte. Segundo pesquisa da USP, são cargos como Ger. de Ecorrelações (cuida da sustentabilidade, trabalhando com todos os stakeholders), Chief Innovations Officer, Ger. Marketing Eletrônico, Gestor de Aprendizagem e Auto-Desenvolvimento e até Orientador de Aposentadoria (porque você estuda durante 25 anos, faz carreira por mais 30 e tem ainda 30 anos produtivos e saudáveis pela frente para desfrutar, que por sinal o sistema de previdência não vai agüentar).

Embora empresas falem de pensamento sistêmico, a educação atual trabalha com a “desconexão” - concentrar-se em maximizar retorno no mais curto prazo, para apenas um grupo: os acionistas. No futuro, ao invés de especialistas que isolam os problemas, haverá "conexionistas" que conseguem pensar de maneira criativa sobre o modo como coisas, números e pessoas se relacionam uns com os outros. Como a formação é multidisciplinar e não há curso específico, atualmente as empresas contratam pessoas com experiência prática que dominem áreas diversas como engenharia, administração, economia, sociologia e antropologia. O aprendizado baseado na experiência (raciocínio indutivo) e na reflexão abstrata (raciocínio dedutivo) deve dar lugar ao um movimento contínuo com espaço para experimentações e suposições (raciocínio abdutivo). Trocando em miúdos, ser um auto-didata curioso e investir em uma formação intelectual, física, intuitiva e ética, onde cabem coisas tão diversas quanto meditação, arte e temas fora da área de gestão para “abrir a cabeça” (como palestras de filosofia, livros sobre cognição ou psicologia). Na pior das hipóteses, haverá pessoas bem mais interessantes e cheias de assunto !

Até Daniel Goleman, o “pai” da Inteligência Emocional, já defende a tese de uma nova Inteligência Ecológica, que tem origem na ecologia industrial – o olhar holístico sobre todo o impacto causado na cadeia de produção – ampliando esse conceito para a conscientização de cada indivíduo enquanto pessoa física (consumidor) e gestor de empresas, além do exercício da empatia, que até Obama vive repetindo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

[PLANETA] O Clima e a Ruptura Tecnológica



Plantas perenes, Furfurais, Algas mutantes, Superfermentação, Filmes Fotovoltaicos, Nanobaterias Solares ??? Vá se acostumando, pois são as novas tecnologias que vêm por aí para minimizar o aquecimento global. Quando digo para meus alunos e clientes que há inúmeras oportunidades para quem se dedicar a essas novas áreas, é fato. E a crise só faz aumentar a busca por soluções criativas e mais econômicas.

Biocombustíveis a partir de celulose de algas ou gramas naturais chamadas “plantas perenes”, que não mais ameaçam a segurança alimentar transformando plantações de milho e trigo em etanol, e crescem em áreas degradadas, demandam menos insumos agrícolas e são mais baratos; catalisadores sintéticos que aumentam a produção de celulose, gramas nativas e cana-de-açúcar (a “superfermentação”); substâncias obtidas pela decomposição de resíduos agrícolas e lixo urbano que geram um combustível mais energético que o etanol, não-tóxico e que não se mistura na água (os “Furfurais”). Todos eles perfeitamente compatíveis com os veículos e postos de combustível que já existem.

Em outra frente, o vento e o sol. Os geradores eólicos produzem 1,5% da eletricidade mundial. Obama quer 30% da energia dos EUA até 2030 gerada por essa fonte e a China até 2020 vai usar o vento para gerar o equivalente ao que o Brasil inteiro consome de eletricidade. Dezenas de empresas desenvolvem soluções de energia solar. Filmes flexíveis fotovoltaicos, baratos e que podem ser instalados em telhados, tetos de carros e eletrônicos (Evergreen Solar); nanobaterias solares que absorvem centenas de vezes mais energia que as células solares atuais, tendo o Japão à frente; tubos fotovoltaicos que produzem o dobro de uma célula convencional (Solyndra).

Finalmente o badalado Hidrogênio, de alta performance, cuja queima produz apenas vapor d’água, mas ainda com produção caríssima. Nada que algas mutantes não possam resolver, projeto em parceria do Depto. Energia com várias entidades de pesquisa dos EUA. Tudo devidamente acompanhado pelas montadoras, como Toyota (Prius), GM (Buick Lacrosse) e Mazda (Premacy).

Num próximo post, contarei as metas ambiciosas (embora inevitáveis !) que os países estão estabelecendo para a questão do clima, via rupturas tecnológicas na matriz energética. As empresas de petróleo terão que se mexer, e rápido... a economia de baixo carbono vem com tudo.

[DIGITAL] A Comunicação como Risco Corporativo



A Comunicação Empresarial está vivendo uma grande revolução. As empresas perderam a centralidade das informações, porque qualquer um pode ser provedor de conteúdo sobre elas e seus produtos. O problema é que não têm mais o controle do que é falado, e até que ponto a informação é confiável ou bem intencionada. Em outubro 2008 um jovem americano postou no iReport, blog de jornalismo participativo da CNN, notícia de que Steve Jobs teve um ataque cardíaco. A Apple, que já vinha sofrendo uma crise de confiança dos investidores pelos problemas de saúde de Jobs, viu o valor de suas ações cair 5,4% e precisou se organizar rapidamente para desmentir o boato que se espalhou em minutos.

Tratar a comunicação como risco corporativo é essencial e demanda existir uma estrutura que administre essas relações, como fez a Natura, que tem uma equipe de mais de 50 pessoas internas e outros terceirizados para monitorar a blogosfera e rapidamente responder a qualquer informação distorcida. “Humanizamos o processo para explicar o que acontece e dialogamos na mesma intensidade do interlocutor do outro lado”, diz Rodolfo Gutilla, Diretor de Assuntos Corporativos.

Se o site da empresa é um espaço controlado, nos blogs e redes sociais reina o caos, mas é dali que podem vir inovação, dados de pesquisa, tendências e a construção de vínculos mais verdadeiros com a marca. O perfil do profissional que irá administrar essa área estratégica da comunicação precisará ser multidisciplinar e incluir história, antropologia, sociologia, tecnologia, comportamento humano, psicologia, economia e política, segundo Paulo Nassar, Presidente da ABERJE.

Fonte: Revista Mundo Corporativo/Deloitte – ed. Abril-Junho 2009